quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Introdução

 Tale Drom


Introdução

Anoitecia. O crepúsculo predizia a escuridão que logo cercaria o pequeno grupo de viajantes, impedindo-os de continuar seu caminho. Alertas do fato, gradualmente todos pararam e, ao anúncio do líder, as barracas foram montadas. No meio delas, uma fogueira, onde um bardo dedilhava seu instrumento e outro manejava alguns papéis.

Um dia de caminhada nós tivemos, e uma noite de descanso há por vir. Vejo os carros parados, os animais a descansar. Vejo o carneiro assando sobre a fogueira, as pessoas a conversar. E vejo as crianças correndo e rodando, em brincadeiras que adultos só ousam imaginar. Mas agora ouçam, amigos, pois tenho algo a lhes falar! – o segundo bardo entoa, para chamar a atenção do grupo, que se cala prontamente.

Todos conhecem a história. Os três amigos que andaram pela terra há muito tempo. – Disse o primeiro bardo bruscamente, parando de tocar seu bandolim. Apesar da repentina mudança de tom, estava claro que tudo fora ensaiado.

Os viajantes já estavam conscientes do que iriam ouvir, muitos seguiam com a caravana apenas para isso. Todos ali sabiam que, naquela viajem, ouviriam aquela lenda ser contada de maneira especial.

Três amigos eles são, "E uma quarta também!" dizem alguns. Sim, vocês os conhecem, todos já ouviram falar. Mas nessa viajem, ouçam meus amigos, TODAS as suas histórias iremos contar. – Cantou o segundo bardo, sem acompanhamento.

Chega de rimas, as suas são especialmente ruins. – cortou o bardo que segurava o bandolim, olhando de soslaio seu companheiro.

Que seja! – falou decidido o segundo bardo.O primeiro deles é Cygnus, o arqueiro inocente, aquele que tem a alma tão pura quanto o pelo do unicórnio, e com sua flecha pode acertar um grão de areia a mil léguas de distância! Dele até a mais feroz besta é um amigo, pois seu dom é acalmar o espírito dos animais... e o dos mortos também! 

Num tom muito menos festivo, o primeiro bardo continuou:
– Depois temos Ladon e Lyra, os dois irmãos. Ela, teve uma infância feliz, porém logo foi reduzida a uma mal falada em sua cidade, o que levou-a a tornar-se uma grande espadachim, mas, no entanto, manter seu coração gentil; Ele, doente desde criança, ainda se culpava pela morte prematura da mãe e com o tempo, foi se envolvendo com magia, ficando cada vez mais obcecado pelo poder, que parecia fluir espontâneamente para ele.

A plateia possuía faces de assombro que nunca haviam visto alguém contar tantos detalhes daquela lenda.

Ainda é preciso falar da graciosa Polyana. Não, Polyana não é um dos três. Alguns dizem que é porque ela não merece, outros dizem que é porque ela é boa demais, de um modo ou de outro, ela está lá, com seu charme infantil, com sua inocência sedutora... E, antes que você perceba, seu ouro já se foi! E Polyana também! E agora nem uma peça de cobre você tem para gastar! – contou o segundo bardo, em seu habitual tom épico.

É essa história que vamos contar. Sei que muitos vieram aqui só pra isso, então não pretendemos decepciona-los. – Finalizou o primeiro bardo, falando de maneira misteriosa. Espero que estejam prontos, pois não temos tempo a perder!

E com isso eles começaram a contar a primeira história...